A maternidade na adolescência é um dos principais problemas de saúde reprodutiva em muitos países em vias de desenvolvimento, incluindo Moçambique. Os efeitos deste fenómeno fazem-se sentir em todo processo de evolução dos que vivenciam este facto. Uma maternidade precoce pode ter implicações negativas na saúde e no desenvolvimento social da jovem mãe e seu filho. Do ponto de vista de saúde, a maternidade na adolescência está associada a um maior risco de complicações durante o parto, altas taxas de morbi-mortalidade materna, abortos clandestinos e nascimento de crianças com baixo peso. Do ponto de vista de desenvolvimento social, a maternidade precoce geralmente conduz ao abandono temporário ou definitivo da escola por parte da rapariga e a consequente diminuição de possibilidades de uma carreira profissional bem sucedida no futuro.
Com base nos dados dos inquéritos Demográficos e de Saúde de 1997, 2003 e 2011, este estudo analisa as tendências e os factores associados com a maternidade precoce em Moçambique. O estudo confirma Moçambique como um dos países onde as mulheres começam a procriação a uma idade muito jovem. A pesar de o nível de escolarização das adolescentes estar a aumentar, a percentagem de adolescentes que já iniciaram a procriação continua elevada, devido, sobretudo, ao facto de o início da actividade sexual e o casamento acontecerem cedo e o uso de métodos de contracepção ser ainda baixo.