O nível e a tendência da fecundidade de um país determinam o crescimento e a estrutura da população que, por sua vez, podem significar maiores ou menores desafios de desenvolvimento. Devido a factores económicos e culturais, a África subsaariana é a única região do mundo onde ainda persistem dúvidas sobre a tendência da sua fecundidade. No entanto, o declínio dafecundidade tem sido documentado em vários países, embora a sua magnitude e continuidade ainda sejam incertos e diferenciais de acordo com o país e regiões dum mesmo país. O presente estudo usa os dados disponíveis, sobretudo os dos Censos de 1997 e 2007, para fazer uma análise das tendências de fecundidade em Moçambique nas últimas três décadas. A fecundidade já está em declínio nas áreas urbanas e na região Sul, mas nas áreas rurais e nas regiões Norte e Centro, assim como para o país como um todo, o declínio parece não estar claramente estabelecido. O casamento precoce e consequente inicio da procriação, pouco ou nenhum uso de métodos de planeamento familiar, dentro e fora das uniões, assim como os ainda elevados níveis de analfabetismo entre as mulheres moçambicanas são os principais factores que contribuem para a elevada fecundidade em Moçambique.